segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Mário Barradas, o homem que só gostava de Teatro

Quando eu, o Bébé, o João Sousa Dias e o Inácio Carvalho nos apresentámos na secretaria da Companhia de Comando e Serviços do Quartel de Abrantes, o Sargento olhou para nós e sorrindo foi dizendo "São de Évora... conhecem o Mário Barradas, aquele doido que só gosta de teatro parece que está por lá.".
Nos jantares com o Sargento, sargento-mor para ser mais preciso, lá vinha à baila o seu amigo Mário Barradas, os elogios sucediam-se e a conversa terminava sempre "ele gosta é de teatro".
Podia dizer que foi ele que me fez gostar de teatro, mas não, se o fizesse estaria eu a fazer teatro. Com efeito foi a minha mãe, as histórias do teatro na minha terra que me fizeram gostar dessa arte, foi a televisão que me deu a ver as grandes peças e os grandes actores e foi o Mestre Finezas do Manuel da Fonseca que me fez entender a grandeza dos actores.
Quando falei pela primeira vez com o Mário Barradas, isto depois de o ter visto dezenas de vezes no Teatro Garcia de Resende a representar, foi como se de repente todos os actores que povoavam o meu imaginário, todas as histórias que a minha mão me contava do teatro da nossa terra, como se o Mestre Finezas que morria sempre no final das peças, no contro de Manuel da Fonseca, estivesse ali à minha frente, sentado na esplanada da Praça do Giraldo.
Ele permitia que eu falasse, ouvia-me, olhava-me com aquele olhar de pessoa inteligente, parecia que adivinhava o que eu ia dizer a seguir, fazia-me sentir como um actor que vai dizendo as palavras de uma peça que ele já conhecia.
Não foram muitas as vezes que falei com ele, mas sei que foram sempre numa esplana da Praça do Giraldo. A mesa ia ficando vazia até que ficaávamos só nós dois a conversar, nunca falámos de teatro, nunca lhe falei do sargento-mor que tinha sido seu amigo há muitos anos atrás, nunca lhe falei da minha admiração por ele como gostava de o ver representar, como gostava das peças que encenava, como me sentia orgulhoso de estar com ele.
Muitas vezes me perguntei se o Cendrev seria capaz de sobreviver sem ele, muitas vezes me perguntei se aqueles actores do Centro Cultural de Évora e depois do Cendrev, se os alunos da Escola de Teatro teriam sido actores se ele não existisse. É que todos eles representavam à Mário Barradas, isto é bem, e principalmente sendo capaz de transmitir a emoção e a grandeza dos grandes actores.
Hoje sei que o Teatro em Évora, a descentralização do teatro profissional em Portugal que ele iniciou, não precisa dele para continuar, o homem que só gostava de teatro foi capaz de fazer teatro e teatros, de ensinar aos actores que o teatro não é de ninguém, nem dos dramaturgos, nem dos empresários, nem dos encenadores, nem dos actores nem de todos os que trabalham para que depois das pancadas de Moliére o pano suba o silêncio caia sobre a sala e o teatro comece.
O doido que só gostava de teatro ensinou a todos, mesmo àqueles que como eu o conheciam do palco e da meia dúzia de vezes na esplanada da Praça do Giraldo que o teatro sobrevive a todos, o espectáculo tem de continuar, porque há palmas para bater, há bravos para gritar, há um público generoso que guarda para sempre na sua memória, aqueles que um dia lje provocaram uma lágrima, um sorriso, uma gargalhada.
Tal como acontecia ao rapaz do conto do Manuel da Fonseca, hoje sinto uma grande tristeza porque o Mário Barradas morreu no final do último acto. Mas, amanhã quando me sentar na esplanada da Praça do Giraldo, quando todos se forem embora, eu não ficarei sozinho, à minha frente a escutar-me vai estar o Mário... o Mário Barradas.
Mário Simões

Mário Barradas: Um homem coerente, um Senhor do Teatro

Recebi a notícia do falecimento de Mário Barradas no Recife, onde neste momento estou.
Não posso conter a minha tristeza muito vincada.
Sempre apreciei Mário Barradas.
Como pessoa simples, homem de pensamento claro e justo, coerente nas ideias que defendia para a libertação cultural deste nosso povo que permanece toldado pela vaga imensa de futilidades com que o anestesiam, Mário Barradas nunca foi um extremista, nunca autorizou ser sectário, nunca deixou de ser um homem que procurava soluções sem deixar de defender o seu ideário. É isso que torna respeitado e honrado um homem.
O CENDREV é a sua grande obra e ele ficará ligado para sempre. Mas, sem nunca ceder, Mário Barradas projectou a arte a que se devotou, para além do palco, no teatro radiofónico e até nuns excelentes programas de poesia que a televisão condescendia em pasar antes do 25 de Abril. Mas, intransigente, Mário nunca alinhou em produtos do tipo telenovelas ou similares. O canal 2 era a sua única disponibilidade. Muito rara, diga-se.
Mário Barradas nunca perdeu o seu acento açoreano. Foi nos Açores que ele teve as suas raízes artísticas, pertencendo a uma geração de renovadores e lutadores que naquelas ilhas, então bem perdidas no meio do Atlântico, nos anos sessenta, trouxeram a lufada de ar e a revolta contra o teatro oficioso e oficial e, gerenosamente e com poucos meios, expressaram a sua arte aberta no cinema novo que brotou naquelas Ilhas de Natália e de Nemésio.
a obra de Mário Barradas não se cinge ao seu papel, sempre criativo e modernizador, de encenador. Mário Barradas foi um excelente actor, um excelente "diseur". Relembro-o numa das representações que mais me perduram na memória e que Mário também encenou, a obra de Shakespeare, MEDIDA POR MEDIDA, levada à cena no Teatro Garcia de Resende. Foi uma produção do que de melhor se fez em Portugal até hoje.
Falar de Mário Barradas, agora que nos deixou, é antes do mais tarefa para outros. Esses outros que o façam sem hipocrisia e com honestidade, a mesma que Mário sempre demonstrou.
como didadão de Évora, não esqueçamos, Mário foi Presidente da Assembleia Municipal e foi nesse exercício que o Plano Director de Évora foi aprovado. Para além de muitos outros tributos, espero bem que Évora, institucionalmente não esqueça este e coloque a sua bandeira municipal a meia haste.
Envio, em meu nome e no da minha mulher, a expressão amiga do nosso pesar.
Paulo Barral

Outros Links

http://estounasesta.blogs.sapo.pt/243289.html

http://www.dgartes.pt/news_details.php?month=11&year=1933&newsID=23912&lang=pt

http://ponteeuropa.blogspot.com/2009/11/mario-barradas.html

http://www.cm-lisboa.pt/archive/doc/Voto_Pesar_Mario_Barradas.pdf

http://www.revistaobscena.com/index.php?view=article&catid=24%3Anoticias&id=175%3Amario-barradas-1931-2009&format=pdf&option=com_content&Itemid=158&lang=pt

http://arrastao.org/santa-alianca/items/view/27512

http://grupoversalhes.nlogs.sapo.pt/

http://grupoversalhes.blogs.sapo.pt/11909.html

Testemunho de Duarte Novale

«Uma energia brutal que assolou a cidade de Évora nos quentes anos setenta... uma força da natureza que encantou e enriqueceu estas paragens... nunca percebi porque carga de água se apaixonou por estas terras... mas sei que foi por isso que aqui se fixou... sem dúvida alguma, porque o conheci, o vi e o senti em momentos chaves da minha vida - um dos maiores ACTORES de teatro de que tenho memória (como poderei esquecer as suas representações Brechtnianas no inicio do CCE) ... também encenador, sem dúvida e pedagogo, pois sim ... mas também e sobretudo um REVOLTADO, um intelectual que sempre se sentiu incomodado com a mesquinhez e a hipocrisia do sistema ... o PCP teve a sorte de o ter nas suas fileiras, mas nunca o soube aproveitar de verdade ... aliás os partidos são completamente ultrapassados porque não estão preparados para receberem no seu seio cidadãos do mundo, desta dimensão ...Foi-se um pioneiro, fica a sua memória e sempre a esperança que outros cérebros e homens e mulheres invulgares, escolham esta cidade para não morrermos de tédio ... a propósito para onde vai Évora? Que escuridão...
A TI
o palco chora
este vazio que o fere
como um cair de pano
em sala muda
ecoa inundado
por uma vida eterna
em memórias de quem quer
transformar o mundo.
Não me cruzei contigo
mas ficou gravada
A menina Júlia
Obra levada aos meus sentidos ávidos
por uma visão de quem pode,
Transportar mensagens,
Abalar consciências,
despertar ciências...
sabe-me, agora, a pouco...
resta-me a sensação
de que serás sempre
UM HOMEM cuja obra ultrapassa
as escassas notícias de perda.
Pois assim seja!
Que nada perdemos contigo!
Apenas apreendemos que ganhar
é ser recordado...
Um Bem-Hajas Mário.
Abraço do
Duarte Novale

Testemunho de Joaquim Benite

Mário Barradas, que faleceu subitamente, aos 78 anos, foi uma figura marcante do teatro português do pós-25 de Abril. Director do Conservatório, proposto por Madalena Azeredo Perdigão por altura da reforma determinada pelo Ministério da Educação na fase final da ditadura, Mário Barradas viria a fundar, depois da Revolução, o Centro Cultural de Évora, uma das estruturas pioneiras da descentralização teatral, conceito pelo qual se bateu e a que dedicou, praticamente, toda a vida. Antigo advogado em Moçambique, embora natural dos Açores, decidiu, a certa altura, mudar de carreira e fez o curso de direcção na Escola do Teatro Nacional de Estrasburgo.Foi funcionário da Secretaria de Estado da Cultura e Director Geral dos espectáculos, e nessa qualidade teve uma intervenção permanente e uma grande influência no desenvolvimento e constituição do actual tecido teatral.Foi fundador e director da Escola de Teatro do Centro Cultural de Évora e nessa qualidade formou muitos dos actuais actores e directores profissionais.Como encenador, Mário Barradas foi um artista vinculado ao realismo e profundamente influenciado pela Escola Francesa dos anos 60 e 70, marcada fundamentalmente pelas teorias de Brecht. Era um intelectual de Esquerda e militante comunista.A morte inesperada impede-o de realizar o último projecto em que, com grande entusiasmo, trabalhou: a encenação de “Troilo e Créssida”, de Shakespeare, co-produção entre a Companhia Teatro de Almada, A Companhia de Teatro do Algarve e a Companhia de Teatro de Braga, cuja estreia estava prevista para 22 de Abril de 2010.A comoção que sentimos pela morte de um grande homem de teatro associa-se, neste momento, a uma dolorosa sensação de perda.Mário Barradas perdurará, no entanto, na nossa memória.
Joaquim Benite
Director do TMA

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Partiu o Mário Barradas

Encontrava-o frequentemente, quando ele vivia em Évora. Já há algum tempo, mais raramente, quando de Lisboa se deslocava para o Teatro, para os amigos. Quase sempre encontros fortuitos, de rua, sob as arcadas, na Praça do Giraldo ou em outra qualquer, mas que se transformavam de repente em conversa de amigos, sem tempo e sem pressas, mesmo que a brevidade nos assaltasse. Desfiavam nas palavras as andanças do teatro, a lúcida crítica das políticas ou não políticas culturais, os amigos comuns, um discorrer saboroso sobre as artes, o tudo e o nada da vida da cidade, os nossos Açores, sem agenda, de coração aberto. Sempre um gozo acrescido encontrar o Mário Barradas. Vou sentir-lhe a falta. Mais um hiato no coração da cidade e no meu.
Faleceu no dia 19 na sua casa em Lisboa aos 78 anos. Natural de Ponta Delgada, S. Miguel, cedo a diáspora o levou. Deixou a advocacia em Moçambique para seguir a grande vocação da sua vida, o Teatro, começando por frequentar a Escola Nacional de Teatro de Estrasburgo. Em várias épocas exerceu cargos públicos, desde o Conservatório Nacional a outras atribuições ligadas ao Ministério da Cultura. E, logo um ano após o 25 de Abril, veio pôr em prática o seu grande sonho, aquilo por que sempre lutou, a descentralização do Teatro, fundando com uma pequena equipa o Centro Cultural de Évora, antecessor do Centro Dramático de Évora (1990), ainda hoje uma instituição de relevo na cidade. Foram anos de grande entrega na produção e encenação de muitas peças teatrais, numa escola de formação de actores, encenadores, técnicos, de referência nacional, na recolha e revitalização de ricas tradições populares, como os Bonecos de Santo Aleixo, hoje embaixadores das marionetas alentejanas por todo o mundo.
Excelente actor, encenador, declamador, o Mário era o mestre e exemplo de uma total dedicação ao teatro. O Cendrev num curto comunicado a noticiar o seu falecimento, afirmava: "Em Évora, fundou o projecto que foi referência da descentralização teatral em Portugal, projecto esse responsável pela formação de várias gerações de actores e germinação de novas estruturas artísticas. Mário Barradas foi um Homem do Teatro em toda a sua dimensão de actor, encenador, pedagogo e pensador de políticas teatrais."
Só conheci pessoalmente o Mário Barradas, depois de me fixar em Évora, há trinta anos. As nossas raízes açorianas depressa nos aproximaram e, por vezes, encontrávamo-nos em casa de amigos comuns em longos e animados serões. Foi num desses que o Mário me facilitou uma preciosa gravação feita por ele na Fajã de Baixo em 1975, e que guardo ciosamente, da deliciosa descrição feita por outro micaelense, Laudalino de Melo Ponte, de uma viagem à América e da ida a um concerto em Boston, com a quinta sinfonia de Beethoven.
Vê-lo representar era um prazer pela expressiva naturalidade, boa dicção, acerto e correcta medida nos diálogos, voz funda e cativante nos monólogos. Mas, tanto ou mais do que isso, sempre apreciei nele a desassombrada coerência no palco da vida.

Artur Goulart

As Árvores Morrem de Pé

O meu Amigo Mário Barradas morreu há dias. Segundo me contam, morreu de “morte santa”, como se costuma dizer, daquela morte súbita que desejamos àqueles que amamos e que pedimos para nós próprios. E ainda bem que foi assim, sem aquelas agonias lentas que corroem o corpo e parecem degradar a alma, mas antes como se fosse “de um tiro ou de uma faca de ponta”, como na canção de Lopes-Graça e como esperamos que possam morrer sempre os nossos heróis.
A imagem não é uma mera metáfora, porque o Mário foi realmente na sua vida um verdadeiro herói, daqueles que acreditam numa causa, que lutam por um sonho e que na sua entrega a essa luta se esquecem de si próprios e não perdem muito tempo a pensar no jogo das conveniências pessoais. Neste caso o sonho e a causa eram um ideal de fraternidade e de justiça cujo modelo concreto se pode contestar mas com uma sinceridade e uma dedicação que está acima de qualquer dúvida. E desse ideal constava também um princípio que para ele era evidente – o de que a Cultura e, em particular, o Teatro eram um bem comum, ao mesmo tempo uma fonte de felicidade e uma escola de reflexão cívica, uma presença que deveria ser constante no quotidiano dos cidadãos e que por isso mesmo o Estado democrático tinha o dever moral de garantir de forma estável e sustentada.
Conheci o Mário muito antes de ele me conhecer. Cruzámo-nos primeiro no Conservatório Nacional, onde foi um dos pilares da renovação da Escola de Teatro e onde, chegado de França, onde tinha trabalhado e estudado no Teatro Nacional de Estrasburgo, procurava trazer para Portugal um novo modelo de formação de actores e uma nova estética teatral, lúcida, empenhada, criativa, consciente do património clássico mas atenta à modernidade artística e aos desafios da cidadania. E depois reencontrei-o naquela que foi uma das minhas primeiras grandes experiências de espectador de Teatro, tinha eu dezasseis anos, pouco antes do 25 de Abril, num espectáculo extraordinário que me marcou para sempre: era A Grande Imprecação Diante da Muralha da Cidade, de Tankred Dorst, com encenação dele e com as presenças mágicas da Fernanda Alves, do Mário Jacques e do Vicente Galfo, numa produção dos Bonecreiros, um dos mais importantes grupos independentes que no início da década de 70 estavam a marcar a renovação radical da vida teatral portuguesa.
O espectáculo passava-se no auditório do Instituto Goethe, de que era então director Kurt Meyer-Clason, que na vaga Primavera marcelista aproveitava o seu estatuto de relativa “extra-territorialidade” para constituir para a minha geração um pólo insubstituível de produção artística de vanguarda e um espaço de liberdade criativa inusitada no meio das brumas da censura e da repressão. Lembro-me de que a fila para a bilheteira dava a volta ao Campo de Santana e que parecia perpassar por entre esta pequena multidão de adolescentes entre o final do Liceu e a Universidade um sentimento único de exaltação perante esta súbita brecha no muro de estupidez do regime. A peça falava da brutalidade da guerra, da violência de um Poder despótico e ilegítimo, da coragem de uma mulher que procurava o marido atrevendo-se a perguntar aos senhores da guerra a razão de ser daquela separação arbitrária. E tudo isto apresentado a uma geração que estava a crescer na ditadura, no hábito dos livros proibidos e dos filmes cortados, no medo da polícia de choque nas escolas e das prisões da PIDE, na sombra do espectro terrível da Guerra Colonial que ia consumindo os nossos irmãos e os nossos amigos mais velhos e aos nossos olhos se ia aproximando cada vez mais a passos largos. “Mas nas minhas costas sinto a cada momento o carro alado do Tempo que me persegue”, como no poema maneirista de Christopher Marvell.
Não sei se esta sensação de medo, de revolta e de esperança se pode comunicar com eficácia a um jovem da mesma idade trinta e tal anos depois, num quadro de liberdades democráticas formais adquiridas, e se este sentimento de estar ali a participar num pequeno ritual de resistência simbólica aparentemente inócuo (bem vistas as coisas, não houve ali cargas policiais, ao contrário do que tinha sucedido pouco antes, por exemplo, no Festival de Jazz de Cascais, nenhum de nós foi incomodado, voltámos todos tranquilamente para o conforto das nossas famílias da pequena-burguesia urbana, porque afinal de contas o Estado Novo tinha perigos mais sérios que o preocupassem) pode ser revisitado por quem não o viveu. Sei que o Mário ficou para sempre associado para mim a esta sensação rara de liberdade, a mesma que tínhamos quando ouvíamos meio às escondidas o Zeca Afonso cantar “que não há só gaivotas em terra quando um homem se põe a sonhar”
Veio o 25 de Abril e o Mário protagonizou uma experiência pioneira: formar em Évora, no velho Teatro Garcia de Resende, a primeira companhia de Teatro profissional descentralizada, à imagem dos Centros Dramáticos Regionais franceses. O projecto era conscientemente ambicioso: criar um espaço de produção teatral regular que apresentasse os clássicos e a dramaturgia contemporânea, as grandes referências do repertório internacional e a criação dramática portuguesa de todas as épocas, as linguagens cénicas tradicionais e as novas experiências performativas, e ao mesmo tempo estabelecer um centro de formação que preparasse todos os agentes necessários ao espectáculo, dos actores aos cenógrafos, dos maquinistas e carpinteiros de cena aos figurinistas e às equipas de produção. E na base desse esforço devia estar o princípio de uma contratualização estável entre o Estado e estas unidades descentralizadas de produção e formação, com vista ao objectivo comum da prestação de um serviço público cultural considerado essencial à qualidade de vida dos cidadãos.
Durante anos, o Mário circulou entre a sua presença fiel neste projecto em Évora, primeiro no Centro Cultural e depois no CENDREV, o Centro Dramático que lhe sucedeu pela fusão com o Teatro da Rainha, a cujos espectáculos eu ocasionalmente assistia quando passava pela cidade. Lembro-me em particular de um extraordinário monólogo, o Eu, Feuerbach, mais uma vez do seu querido Tankred Dorst e agora com uma encenação notável do Fernando Mora Ramos, que ele próprio protagonizava, deixando mais uma vez clara, para quem porventura já não se lembrasse, a sua estatura de grande actor. O Mário ziguezagueava entre esta luta constante e a participação, em funções várias, em sucessivas equipas de reflexão sobre a política teatral que se iam promovendo na estrutura sempre oscilante da Secretaria de Estado da Cultura e nas quais, em diferentes contextos políticos, continuou a lutar coerentemente pelo mesmo princípio de responsabilização estatal pelo serviço público na Cultura e nas Artes. Participou em comissões, assessorou governantes, redigiu manifestos e programas, viveu pequenas vitórias e grandes derrotas mas continuou sempre a acreditar que valia a pena continuar a tentar, sem entusiasmos ingénuos mas também sem derrotismos fáceis. Afinal, passe a referência a uma parábola maoista tipicamente “anos 60” que talvez não lhe agradasse, foi assim que Yunan moveu montanhas…
Poucos meses depois de eu ter chegado à Secretaria de Estado da Cultura, em 1995, morria outro dos meus amigos, José Ribeiro da Fonte, o primeiro presidente que eu tinha convidado para a Comissão Instaladora do projectado Instituto Português das Artes do Espectáculo, que devia assumir a responsabilidade do apoio do Estado ao sector privado na esfera das artes Performativas. E foi o Mário, com quem tinha entretanto estabelecido um contacto pessoal cada vez mais próximo e mais estimulante, que então convidei para lhe suceder. Durante quase dois anos trabalhámos lado a lado que nem loucos, sempre com o apoio da nossa Amiga comum Maria Augusta Fernandes, para concebermos o modelo estrutural do novo Instituto, transferirmos para este um conjunto coerente de competências que a gestão caótica de Pedro Santana Lopes tinha dispersado por uma rede avulsa e descoordenada de organismos diferentes, e ao mesmo tempo para irmos implementando no terreno um novo sistema de apoios ao Teatro, à Dança e à Música, baseado em regras claras de parceria entre o público e o privado, em compromissos programáticos plurianuais, em concursos transparentes avaliados por júris independentes e em articulações com os organismos estatais de produção artística no sector (o São Carlos, o D. Maria, o São João, o CCB). O Mário passou a ser uma presença constante no meu gabinete, um parceiro de trabalho de uma lealdade e de uma competência inexcedíveis, e simultaneamente um Mestre com quem fui aprendendo muito e pouco a pouco um Amigo que fiquei muito feliz por ter conquistado.
O Mário e eu tínhamos divergências políticas claras, mas como ambos as conhecíamos e as respeitávamos raramente falávamos delas, e quando o fazíamos era com algum pudor, com a preocupação, de parte a parte, de não gerarmos qualquer melindre, o que de resto nunca sucedia porque acabávamos sempre por descobrir mais pontos de convergência, talvez até inesperados para cada um de nós, do que de afastamento. Preferíamos, de resto, ir explorando tudo aquilo que íamos descobrindo em comum – convicções, princípios e projectos, mas também preferências, afectos, experiências artísticas e culturais e algum gosto partilhado pela sátira bem-humorada aos pequenos episódios do dia-a-dia.
Juntos fizemos muitos planos de trabalho para a acção do Ministério da Cultura na esfera das Artes do Espectáculo, e quando para ambos se tornou evidente que não íamos ter nem os meios orçamentais suficientes nem a cobertura política para cumprirmos os nossos compromissos eu saí primeiro, em Outubro de 1997, e ele, como logo nessa altura me tinha anunciado que faria também ele, poucos meses depois, apenas a tempo de deixar arrumados alguns dossiers que tinha em mão. E quando deixou o IPAE regressou, como eu próprio tinha feito, naturalmente, ao que antes fazia. Trabalhou ainda algum tempo no seu CENDREV, continuou a fazer formação teatral um pouco por todo o País e em França, onde constantemente o chamavam e lhe pediam que ficasse, e encenou em vários teatros – designadamente uma revisitação de uma obra pela qual tinha uma especial predilecção e que fora precisamente a primeira encenação sua a que eu tinha assistido, trinta e tal anos antes, ainda adolescente, a Comédia Mosqueta, de Angelo Beolco, então ainda com os Bonecreiros e de novo com Fernanda Alves, Mário Jacques e Vicente Galfo – outro espectáculo inesquecível.
O Mário foi sempre igual a si próprio, como uma árvore velha bem enraizada, a cuja sombra sabia bem acolhermo-nos. Tinha a paixão das suas convicções e podia ocasionalmente exaltar-se para as defender, mas em geral preferia um registo calmo, explicado, maiêutico. Tinha a consciência do seu valor mas não sentia a necessidade de ser ele a sublinhá-lo. Acreditava antes na força das suas ideias e nunca se escusava a propô-las e a defendê-las, mesmo em contextos institucionais onde sabia que não teria provavelmente sucesso imediato mas nos quais acreditava que era importante fazer ouvir mais uma vez a voz da razão, como uma espécie de sementeira a longo prazo.
Não sei se morreu pobre, mas sei que não morreu rico, ou pelo menos com a prosperidade material que em qualquer país ocidental um encenador e actor da sua dimensão teria sem qualquer dúvida alcançado ao fim de uma carreira distinta de longas décadas como a sua. Mas quando falávamos em termos gerais do problema de princípio implícito nessa situação, ou seja, da relação de profunda ingratidão que Portugal tem com a geração heróica que nos anos 60 e 70 lançou as bases do Novo Teatro português, lembrava-me por contraste e sem aparente azedume os tempos de combate do CENDREV onde em época de vacas magras se abriam entre todos os membros da companhia latas de sardinhas para improvisar mais uma refeição a meio de um trabalho que não tinha então quase apoios públicos. Depois disso – dizia-me ele – tudo lhe parecia próspero.
E foi justamente assim que o meu Amigo Mário Barradas viveu e morreu. Como uma árvore. Sólido e sereno. De pé.

Rui Vieira Nery

Testemunhos

Em nome da revista Mais Alentejo, apresento ao CENDREV e à família de Mário Barradas sentidas condolências.
Mário Barradas foi (é) um nome enorme do Teatro português. Amanhã, durante VIII Gala dos Prémios Mais Alentejo, cerimónia a decorrer a partir das 19H30 no Convento do Espinheiro, em Évora, não deixarei, durante a minha intervenção de lembrar Mário Barradas.
António Sancho
Director
Revista Mais Alentejo

Queridos amigos, mi más sentido pesame por el fallecimiento de ese gran hombre de la escena iberica. Su compromiso y trayectoria le hacen acreedor de permaner continuamente en nuestra memoria. Os ruego trasladeis mi sentir a la familia.
Guillermo Heras

A todos vocês que tiveram a oportunidade de conhecer e trabalhar com o Mário e a toda a sua família envio um enorme abraço.
Se eu fiz teatro devo-o ao Mário, agradeço-lhe até hoje e não esqueço o muito que aprendi com ele.
As coincidências da vida fizeram que perdesse o meu "pai" no teatro no mesmo dia em que nove anos antes perdi o meu pai na vida. É a forma de relembrar sempre estes dois pais que tive.
Dulce Vermelho

A toda a equipa do Cendrev e do Teatro Garcia de Resende um forte abraço de solidariedade nesta hora de adeus a um homem que, pelo seu carisma, sentido artístico e profissional, foi marcante na história do teatro em Portugal.
Miguel Seabra e Natália Luiza

Apresento as minhas respeitosas condolências, à família e ao Cendrev
Sandra Paulo

Amigos, sobretudo os mais antigos. Tal como vós também estou muito triste. Perdemos uma referência na nossa formação e um amigo. Está nas vossas mãos continuarem com dignidade a sua obra. O que sempre fizeram e que me deixa orgulhoso.
Avelino Bento

A Filandorra - Teatro do Nordeste lamenta a perda de Mário Barradas, um Homem do Teatro!
O teatro em Portugal ficou mais pobre... Até sempre!
David Carvalho
Filandorra - Teatro do Nordeste

Os meus sentimentos! Adorava Mário Barradas, tinhamos conversas sempre interessantes e riamos com gosto. Mas ele continua, sempre, vivo entre nós!!!
Elisabete Barradas

Mi más cariñoso pésame por tal pérdida. Él fue quien me abrió las puertas del CENDREV, con quien tantos años y tan buenas experiencias he vivido, por eso quieros enviaros desde aquí un cordial abrazo y me pongo a vuestra disposición para todo lo que querais en homenaje y recuerdo de Mario. Con su pérdida hemos perdido todos sus amigos y sobre todo todos los que amamos al teatro.
Pedro Álvarez-Ossorio

Dia 26 estreia a nova peça do Grupo de Teatro de Vendas Novas.
Nesse dia vamos dedicar a peça ao Mário Barradas e ler o texto que nos enviaram
José Leitão

Gostaria de me associar a este momento de perda e dor para o Teatro Português.Sou testemunha do Homem que Mário Barradas foi e do seu desprendimento material em prol de projectos que marcaram e continuarão a marcar a vida teatral do nosso país.Nunca regateou o apoio que lhe era pedido e ajudou muitos de nós a crescer nesta profissão. Eu fui um deles.
Dantas Lima

Venho por este meio expressar ao Cendrev o meu mais profundo pesar pelo pelo falecimento do grande MÁRIO BARRADAS, homem de cultura que muito admirei e sempre me manifestou a sua simpatia muitas vezes em contraposição com a posição do partido a que pertencia. Mário Barradas era um senhor na verdadeira acepção da palavra.
Curvo-me pois respeitosamente perante a memória da sua personalidade, da sua imensa humanidade e do seu contributo para o teatro português.
Que descanse em paz.
José Frota

Em nome pessoal, e do Visões Úteis, apresento os meus sentimentos a toda a equipa do CENDREV, e deixo uma sincera homenagem à referência do teatro português das últimas décadas, que foi, e continuará a ser, o Mário Barradas.
Carlos Costa

Je suis très triste, je pleure Mário, mon ami, mon frère. Je suis incapable de dire autre chose maintenant.
Pierre Étienne-Heymann

Em nome do Teatro Maria Matos venho expressar as mais sinceras condolências à família de Mário Barradas e ao Cendrev.
Catarina Medina

É com tristeza que recebo a notícia da morte Dr. Mário Barradas, com quem trabalhei durante anos, desde a Direcção Geral da Acção Cultural, Com quem aprendi a trabalhar.
Ao Mário Barradas obrigada por tudo o que consigo aprendi. ATÈ SEMPRE.
Helena Cardoso

Quando li o vosso e-mail, vieram-me à memória pedaços encantadores de “breves” passadas com o Mário.
E lembrei-me do seu inconformismo, da sua inquietação, da sua “imarcescível” investida permanente em prol de uma Utopia adiada, que se sonega aos nossos dedos, estendidos e ávidos, logo que a julgamos roçar por uns inesquecíveis momentos.
Era um homem de “porta aberta”, mangas arregaçadas, tonitruante contra os instalados.
É assim que o quero lembrar no seu eterno Namoro com o Teatro.
E mando este desabafo para que a ele lhe deis conta de tal, enquanto com ele me não cruzar (curiosa formulação esta!).
Nós por cá, Mário, fica tranquilo, continuaremos a lutar por esta “Cidade sem Muros nem Ameias”.
Mário Jorge em nome do Teatro Papa-Léguas

Os meus pêsames!
Eugénia Vasques

Um grande abraço solidário com a vossa - nossa - enorme perda.
Catarina Martins (Visões Úteis)

É com o nossos mais profundo pesar que vos enviamos as nossas condolências, comunicando que não nos é possível estar presente no funeral.
João Luiz (Pé de Vento)

Ainda em choque com a notícia do falecimento do Mário Barradas, junto-me a vocês nesta hora difícil e de dor.Hoje, todos os que trabalhamos em prol da Cultura ficamos mais pobres. Todos os que acreditamos que é nosso dever de cidadão contribuir para o desenvolvimento da comunidade e na construção de uma democracia assente na Cultura e na sua fruição por todos os cidadãos só podemos dizer duas palavras: Obrigado Mário!
João Paulo Macedo( director do Fike)

Em nome de toda a Companhia, os nossos sentidos pêsames pelo desaparecimento deste homem que tanto viveu o teatro em Portugal.
Arte Pública
Gisela Cañamero

O Teatro e nós todos ficámos de facto mais pobres com a partida do Dr.Mário Barradas.
Curvo-me respeitosamente perante a sua memória
João do Rosário


É com enorme pesar que tomo conhecimento do falecimento de Mário Barradas.
Peço-vos, em meu nome pessoal e do Teatro Art´Imagem, que
apresenteis à família, seus amigos e aos homens e mulheres de teatro
que com ele conviveram os nosso pesamos pelo seu passamento.
Um grande abraço para todos e viva o Teatro!
José Leitão e Teatro Art´Imagem

É com grande choque que recebemos, o Teatro Extremo, esta notícia.
Queiram aceitar as nossas condolências.
É, de facto, uma grande perca para o Teatro.
P’lo Teatro Extremo
Rui Cerveira

Varazim teatro vem por este meio expressar o seu pesar.
O Teatro sentirá falta do seu obreiro.
Até sempre!

O Teatro de Papel - Associação Cultural de Almada envia-vos um forte abraço bem como a toda a família e amigos de Mário Barradas. É sempre com tristeza que vemos partir os nossos colegas, artistas e conhecedores e amantes do teatro. Ficamos mais pobres efectivamente.
Yolanda Alves

Só ontem à noite, já muito tarde (após um encontro com representantes directivos das várias Casas dos Açores espalhadas pelo Mundo) me chegou a triste notícia do falecimento do meu querido conterrâneo Mário Barradas,amigo de longa data, que tive a honra de acompanhar nas múltiplas diligências que conduziram à criação do Centro Cultural de Évora. Figura singularmente relevante do Teatro Português destas últimas décadas, em tão diversos aspectos, ficará para sempre na minha memória. Mas não poderei deixar de, já a meio da manhã, comparecer no Palácio Galveias, a prestar-lhe as minhas homenagens e, de qualquer modo, acompanhá-lo ao Cemitério, compartilhando assim, convosco e com a família, este grande pesar.
Norberto Ávila

Desde el festival de Cádiz, nuestro más sentido pésame por tan terrible pérdida.
Pepe Bablé

Em nome do Teatro do Rio e em meu nome pessoal, manifesto-vos o n/ mais profundo pesar pelo falecimento do nosso Mário. Perdeu-se, de facto um Homem enorme.
Adelino Lopes

A Direcção da ANTA - Associação Nacional de Teatro de Amadores vem por este meio apresentar as mais sinceras condolências pelo falecimento do actor e encenador Mário Barradas, fundador e director do Centro Dramático de Évora.
Profissional integro e dedicado à nobre arte de Talma, Mário Barradas foi, sem qualquer sombra de dúvida, uma referência para todos nós, profissionais e amadores, que amamos e vivemos o teatro, deixando agora vazio um espaço que tão cedo não será ocupado.
Atento a tudo aquilo que o rodeava, e que ao teatro dizia respeito, também a ANTA pode contar com a sua colaboração, ao aceitar escrever um texto para o número 2 da Revista TALMA, saido em Março passado. Será esse texto que, agora, guardaremos dele, como uma boa recordação...
O Presidente da Direcção da ANTA
Luis Mendes

Compaheiros deste palco
a vida deixou o corpo dessa peça já escrita... resta-nos ler e saboriar cada pedaço que herdamos.
sinto um pesar, batem nas asas, chuvas de drama.
Duarte Braz

O tempo passa, a memória fica. Impossibilitado de estar presente no funeral, fisicamente, estive em espírito
O teatro português está de luto.
Leandro Vale.

Que notícia tão triste e inesperada para mim!Apresento ao Cendrev as minhas condolências pelo desaparecimento do amigo e grande homem de cultura que tive a oportunidade e o privilégio de conhecer. Espero que todos possamos homenagear condignamente a sua memória e a qualidade do seu percurso de vida.
Ana Paula Amendoeira

Lamento como vós o desaparecimento de Mário Barradas de quem o teatro português tinha ainda muito a esperar.
Lamento não ter podido acompanhar-vos neste momento.
Maria João Brilhante

Não podendo estar fisicamente convosco, também eu, pessoalmente, e o Teatro d'O Semeador, lamentamos a perda do MESTRE que formou tantos de nós.
José Mascarenhas
Só ontem fiquei sabendo da perda do nosso querido Mário. Quero daqui do Brasil externar meus sinceros sentimentos e dizer a vocês que lamento profundamente a ausência deste grande homem do teatro, que foi sem dúvida nenhuma um exemplo de disciplina, humildade, honradez e dignidade, um homem voltado para a arte teatral, sempre preocupado com a cultura. Guardo no coração as lembranças da época em que estive com vocês, ficando registrada em minhas memórias a imagem de Mario Barradas.
José Dias

Notícia

Mário Barradas faleceu no passado dia 19 de Novembro, na sua casa em Lisboa.
Uma vida dedicada ao teatro. Um contributo activo e fundamental para o desenvolvimento do panorama teatral português nas últimas décadas.
Em Évora, fundou o projecto que foi referência da descentralização teatral em Portugal, projecto esse responsável pela formação de várias gerações de actores e germinação de novas estruturas artísticas.
Mário Barradas foi um Homem do Teatro em toda a sua dimensão de actor, encenador, pedagogo e pensador de políticas teatrais.
Mário Barradas não foi um homem de consensos. Polémico, agressivo nas suas posições, o seu contributo foi absolutamente determinante para a nossa formação teatral mas também humana.
O teatro perdeu um dos seus obreiros. Fica o seu grande exemplo de vitalidade e amor ao teatro.
Até sempre Mário!

Mário Barradas





"Quando a peça chega ao fim, o Rei é um mendigo.
Pedimos pois que manifesteis vossa alegria.
Então tudo acaba bem, se o público for amigo.
Faremos por representar melhor, dia após dia.
Para vos dar temos as nossas representações.
Emprestai-nos as mãos e recebei os nossos corações."
William Shakespeare